"Gosto mesmo é de cantar", revela Tony Tornado

Artista comanda show no Sesc Campinas no Dia da Consciência Negra















Dono de uma voz poderosa, Tony Tornado ganhou notoriedade pela sua trajetória como ator, mas revela: “gosto mesmo é de cantar”. Acompanhado do filho, Lincoln Tornado, e da banda Funkessência, ele sobe ao palco do Sesc Campinas neste domingo (20), às 19h, em show de comemoração ao Dia da Consciência Negra.
O projeto que circula pelas unidades do Sesc traz homenagens a Tim Maia e outros expoentes da soul music. “Minha alegria maior é ter meu filho nessa empreitada comigo. Mesmo porque logo mais terei que passar o cetro e ele é a pessoa mais indicada para dar continuidade ao meu legado.”
Aos 81 anos, o multifacetado artista parece satisfeito com os rumos que a vida lhe impôs. Alternando momentos difíceis, como o período de exílio, a outros gloriosos, como a bombástica interpretação de “BR-3”, música vencedora do Festival da Canção, em 1970, ele acredita ter seguido a direção certa ao se dedicar à carreira de ator. “Não foi bem uma escolha. Não tive muita opção por conta dos problemas de ordem política e teve o exílio, que para mim foi um período muito cruel. No fim foi até bom porque eu não cantava muito bem”, afirma, bem-humorado.















Com uma vida que renderia um roteiro de cinema, Tony Tornado viveu nas ruas, foi paraquedista a serviço do exército, participou da Guerra do Canal de Suez e chegou a trabalhar para o tráfico de drogas nos Estados Unidos. "Não tínhamos opção naquela época", explica, mesmo avesso a comentar o assunto. Nos anos 60 ingressou na carreira musical com o pseudônimo Tony Checker, no programa “Hoje É Dia de Rock”, da Rádio Mayrink Veiga.
O sucesso trouxe alguns dissabores devido à forte repressão vivida no período de ditadura. Tony Tornado passou a integrar um movimento essencialmente musical, mas que estava diretamente ligado a luta pela conscientização do papel do negro na sociedade. Os discursos culminaram no "convite" a se retirar do país. “É uma mácula muito grande que tenho na vida. Eu estava bem intencionado e fui expulso do meu país. A gente sabe o risco que corre quando está envolvido, mas eu não podia me alienar. Eles achavam que estávamos incitando as massas com palavras de ordem porque dizíamos que o negócio era estudar e que o black power não era apenas estética. Nós defendíamos o orgulho negro”, relembra.
Apesar dos problemas, Tony não guarda mágoas. Do período que passou no bairro do Harlem, em Nova Iorque, ele guarda as contribuições para sua carreira como músico. “Evoluí muito. É um bairro extremamente musical e quando voltei, no fim dos anos 60, acabei abrasileirando o estilo”. Foi nessa época que o ator conheceu Tim Maia.
 




















Televisão
Entre tantos papéis marcantes que viveu na TV, ele destaca os personagens Gregório Fortunato, na minissérie Agosto e o Capitão do Mato, em Sinhá Moça, um dos seus maiores desafios. “Foi muito difícil para mim porque o personagem ia de encontro a todos os meus princípios, mas um ator não pode tomar partido nesses casos”.
Outro personagem de grande destaque foi o capataz Rodésio, de Roque Santeiro, com o qual chegou a gravar um final alternativo para a novela, em que terminava como par romântico da viúva Porcina. “É uma pena que a Globo não tenha levado em frente.”
Com uma disposição de dar inveja a qualquer iniciante, Tony Tornado atualmente concilia as carreiras de músico e ator. Entre as gravações do programa Zorra Total e a preparação para o personagem que viverá na próxima novela das 18h, ele planeja gravar um CD e um DVD do show que apresenta no Sesc em 2012.
Serviço:
Tony Tornado e banda Funkessência
Quando: Domingo (20), às 19h
Onde: Sesc Campinas
Rua Dom José I, 270/333, bairro Bonfim
Entrada franca
Informações: (19) 3737-1500