Noite da Seresta traz cantora Virgínia Rosa para relembrar Clara Nunes

Evento acontece nesta sexta-feira (28) na Praça Carlos Gomes, em Campinas























Torna-se inevitável. Para a cantora paulistana Virgínia Rosa, as canções de Clara Nunes ainda conservam o gosto de comida caseira e o aroma de casa limpa. Não é para menos: dona Elza, mãe da cantora, não deixava sequer um dia de afazeres domésticos sem cantarolar algum sucesso de Clara. "O Mar Serenou", por exemplo. Apesar de povoar as canções com o "laiala, laiala, laiala", nos trechos de dúvida, a interpretação da mulher não perdia o tom. "Era afinada. Foi quem me apresentou o repertório de Clara Nunes", recorda-se Virgínia. Lembranças à parte, a intérprete paulistana traz o show "Virgínia Rosa canta Clara" para a Praça Carlos Gomes, em Campinas. A apresentação será realizada sexta-feira (28), a partir das 18h.

Antes do tributo à Clara Nunes, que morreu em 1983 no auge da carreira, a plateia confere o show de Fernanda Dias. Durante a apresentação, a cantora campineira traz ao coreto da praça composições próprias do álbum, ainda inédito, batizado com o seu nome. Detalhe: a cantora, irmã do violonista Zé Siqueira, tem parceria com outros artistas da cena campineira, entre os quais Silo Sotil, Taïs Reganelli e Tatiana Rocha.

De volta à Virginia Rosa, a paulistana trata da dificuldade ao escolher o repertório da apresentação. "Tem tanta coisa linda. Clara tinha a preocupação de gravar só coisa boa", explica. Para estruturar o show, que estreou em 2004 em São Paulo e se transformou em especial de fim de ano da TV Cultura, Virgínia buscou privilegiar no programa os batuques da diversidade. Bem típicos da cantora mineira. "Apesar de ser reconhecida pela interpretação de sambas, Clara foi uma grande intérprete. Cantou valsa, baião, bolero, MPB. Levei isso para o show". Em paralelo, destaca Virginia, a diversidade de canções propõe um dinamismo maior à apresentação. Surpreende e não a deixa monótona, avalia.

"Virginia Rosa canta Clara" se faz com 13 canções gravadas pela mineira. Fora, claro, as surpresas. Do combinado, Virginia cita "Canto das Três Raças", "Menino Deus", "O Mar Serenou", "Nação", "Na linha do mar", "Juízo Final", "Um ser de luz", "Conto de Areia", "Feira de Mangaio" e "Ninguém tem que achar ruim" ("um chorinho de Ismael Silva", destaca.) "Ainda faço num arranjo só ao som do baixo 'Meu sapato já furou' e 'Ai, quem me dera' de Vinicius de Moraes". "Morena de Angola" não entra no programa?, perguntarão os fãs de plantão. "Ah, faço uma citação, que é seguida por 'Embala Eu', gravada também por Clementina de Jesus".















Em companhia do trio: Ogair Júnior (teclado), diretor musical do espetáculo, Ramon Montagner (bateria) e Roberto Carvalho (baixo), a cantora revive "Batuque", de Itamar Assumpção, "Presentimento", imortalizda na voz de Elizeth Cardoso, e como bem diz: "alguma coisa do sambista Monsueto. Ainda não decidi". Pela primeira vez, Virgínia Rosa se apresenta num coreto de praça. Contudo, a experiência ainda não vivida a faz lembrar-se do pai, seu João, músico amador de bombardino, em Minas Gerais. "Me remete a um ambiente familiar, algo bem tranquilo. Meu pai me contava que costumava tocar no coreto lá em Conceição do Mato Dentro".

Quando para e analisa os detalhes, Virgínia consegue se aproximar de Clara. Estabelece comparações. Além de passear por alguns gêneros musicais, como o samba e MPB, e a seleção criteriosa do repertório, tal como a mineira; a paulistana cita a brasilidade na hora de interpretar as canções. Neste último ponto, traz a influência de, além de Clara, Elis Regina e Elizeth Cardoso. "Apesar da minha formação também em canto erudito, e um pouco do tom percussivo, procuro manter a forma popular. Canto direto para a plateia. Algo brasileiro". Para reforçar a expressão, utiliza-se de um depoimento da homenageada: "Assisti num documentário Clara dizendo que era popular, mas não popularesca".

Serviço
O quê:
Noite da Seresta, com Virgínia Rosa e Fernanda Dias
Quando: sexta-feira (28), a partir das 18h
Onde: Praça Carlos Gomes (Rua Irmã Serafina, s/nº, Centro, Campinas)
Quanto: Entrada franca