Ela

Luís Miguel Cintra embrenha-se no universo de Jean Genet com a peça em um acto escrita em 1955, mas apenas editada "post-mortem" por pedido do autor. A história do fotógrafo que tenta em vão fazer um retrato de um Papa. De 7 a 18 de Setembro, na Cornucópia, em Lisboa.
Um fotógrafo tem por missão captar a imagem que será a oficial do Papa. Mas todas as tentativas saem-lhe goradas. Até porque este Papa, a que Genet (1910-1986) se refere como “Ela” (no feminino, de Sua Santidade), “já não deseja ser nenhuma imagem (…)”. “‘Ela’ é uma representação do nada, um exemplo patético da desintegração do ser.”
A partir daqui forma-se uma espécie de jogo filosófico, “com o humor e a perversa ambiguidade em que Genet é mestre”, entre o Papa, o fotógrafo e um guarda da Imagem Pontifícia, o Contínuo do Vaticano.

“A peça é outra versão da história do retrato de Inocêncio X por Velázquez”, lê-se na apresentação, e propõe uma reflexão “sobre o corpo e a alma, sobre a representação”. No fundo, uma nova abordagem aos mesmos temas propostos no recente “Fim de Citação” que abre caminho para a entrada em cena d’ “A Varanda”, que chegará à Cornucópia já após o Verão.